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ALERTA CONDUTORES - Relatório do LNEC aponta fissuras na Ponte 25 de Abril



Um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil alerta para a necessidade de realizar obras urgentes na ponte que liga Lisboa a Almada. Se a intervenção não for feita terá de ser restringida a circulação de veículos pesados e comboios de mercadorias na travessia sobre o Tejo. A revista Visão revela que o Ministério das Infraestruturas esteve seis meses à espera de luz verde do Ministério das Finanças para avançar com as intervenções.

Na terça-feira a Infraestruturas de Portugal (IP) revelou que “vai lançar este mês uma empreitada de trabalhos de reparação e conservação da Ponte 25 de Abril, com um preço base de 18 milhões de euros e o prazo de execução de dois anos”.

Esta empreitada tem por objectivo a realização de em conjunto de trabalhos identificados no âmbito das actividades de inspecção e de monotorização do comportamento estrutural da Ponte 25 de Abril, promovidas em contínuo pela IP, e executados pelo ISQ - Instituto de Soldadura de Qualidade e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, respectivamente”, acrescenta a nota da Infraestruturas de Portugal.

A decisão de avançar com as obras surgiu no dia em que a Visão denunciou riscos imediatos e problemas de segurança na Ponte 25 de Abril.

Segundo a revista, as anomalias em zonas mais sensíveis da travessia, precisamente nas “treliças da viga de rigidez” (local onde assenta o tabuleiro rodoviário e por dentro do qual circulam os comboios), começaram a ser detectadas há três anos.

Desde essa altura, os vários organismos que fiscalizam constantemente a Ponte 25 de Abril têm alertado o Governo para a necessidade de uma intervenção.

Foram inúmeros os relatórios enviados para a Infraestruturas de Portugal”, avança a Visão.

Também os últimos relatórios do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) apontam, há vários meses, para o cenário de urgência de obras na ponte.

As fissuras das treliças transversais aumentaram em número e em comprimento”, apontam os técnicos do ISQ, num relatório a que a Visão teve acesso.

A revista frisa ainda que nos documentos enviados ao Governo, “o ISQ chama constantemente à atenção para necessidade de brechas e para a necessidade de obras”.

No relatório de Fevereiro, os técnicos do ISQ voltam a apontar para a necessidade de obras e referem “o aumento das rachas naquela zona” e explicam que a “anomalia já foi objecto de um relatório especial enviado à IP”.

Também a consultora norte-americana Parsons (detentora dos segredos da ponte, como actual detentora da empresa Steinman Boynton, Gronquist & Birdsall que a projectou nos anos 60) realizou, recentemente, um estudo que sugere a “realização de trabalhos imediatos”.

No documento, o ISQ recorda que a IP “está a preparar uma empreitada de reparação e manutenção da ponte”.

Empreitada que para o LNEC, entidade à qual o Executivo decidiu pedir opinião há alguns meses, confirma “ser, de facto, urgente”.

Segunda a Visão, “para chegar a essa conclusão, o LNEC usou um modelo matemático extremamente complexo que permite verificar o impacto dos esforços na ponte e analisar o risco de certas anomalias estruturais”.

Esse modelo, que utiliza um software específico, que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil produziu o relatório “explosivo, em que define o que pode suceder caso não se faça a intervenção e continuem a aumentar as fissuras”.

O LNEC levanta a “possibilidade de se restringir o tráfego de veículos pesados e comboios de mercadorias”.

Os técnicos do LNEC não “afastam a possibilidade de um dia haver um perigo de colapso”.

Os peritos garantem, para já, que “não há risco e a Ponte é segura”. Mas “as obras têm de ser feitas já”.

Trabalhos durante a noite e fins de semana

A Infraestruturas de Portugal revelou que o prazo de dois anos para a realização das obras só se inicia após a adjudicação da empreitada, na sequência do concurso que será lançado no decorrer deste mês, e que os trabalhos de manutenção vão decorrer durante a noite e fins de semana.

À semelhança das intervenções de manutenção anterior realizadas na Ponte 25 Abril, e de modo a minimizar eventuais impactos na normal circulação rodoviária e ferroviária, os trabalhos serão executados em períodos de menor fluxo de tráfego, nomeadamente em período nocturno e em dias não úteis”, refere o comunicado da IP.

As intervenções previstas incidem sobre elementos metálicos da ponte suspensa e em elementos de betão armado e pré-esforçado do viaduto de acesso norte.

Genericamente, trata-se da execução de trabalhos de construção metálica, soldadura, reposição localizada da protecção anticorrosiva, substituição de elementos não estruturais, limpeza, tratamento e pintura pontual de superfícies de betão”, acrescenta a Infraestruturas de Portugal.

O projecto de execução de suporte a esta empreitada contempla as soluções técnicas de reparação definidas pela empresa projectista americana Parsons e pela empresa projectista portuguesa TalProjecto, cujo desenvolvimento foi acompanhado e validado ao longo das suas diversas fases pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
 

"De referir que a Parsons é a empresa projectista que detém os direitos de autor do protejo de construção da Ponte que data da década de 60, e que é simultaneamente a autora do projecto de instalação do caminho-de-ferro, alargamento do tabuleiro rodoviário e de beneficiação geral da Ponte 25 de Abril, concretizada na década de 90", refere a Infraestruturas de Portugal.

A Talprojecto é uma empresa projectista portuguesa na área das estruturas metálicas.

Inaugurada em Agosto de 1966

Em média, passam por dia 160 mil automóveis e 160 comboios (cerca de 80 mil passageiros) na Ponte 25 de Abril, é um dos principais acessos à cidade de Lisboa.

Foi inaugurada a 6 de Agosto de 1966, com o nome de “Ponte Oliveira Salazar”, e na altura era apenas uma ponte rodoviária.

Dois dias depois da Revolução de 25 de Abril de 1974, um grupo que nasceu espontaneamente sob a designação de 1.º Comité de Acção Popular inscreve com tinta negra o nome com que deveria passar a ser conhecida a emblemática obra de engenharia: Ponte 25 de Abril.

A 29 de Julho de 1999, os comboios começaram, pela primeira vez, a circular na Ponte 25 de Abril.

Composta por duas torres principais de aço carbono, com uma altura de 190,5 metros acima do nível da água, a 483 metros de cada margem, as torres assentam na rocha basáltica a mais de 80 metros abaixo da superfície das águas do Tejo.
 

Sendo uma ponte suspensa, com um comprimento total de cerca de 2.280 metros, o tabuleiro rodoferroviário foi inicialmente suportado por um cabo suspenso.

Fonte e fotos: RTP
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